Casa-Museu Fernando de Castro

Esta é uma Casa-Museu localizada em Paranhos que pertenceu a Fernando de Castro, famoso poeta, caricaturista, comerciante e colecionador português. Este edifício leva-nos numa viagem por entre as grandes obras por ele reunidas aqui ao longo dos anos, desde pintura, escultura e cerâmica.

Fundada em 1952, após a sua doação ao Estado por parte da irmã de Fernando de Castro, esta casa de 3 pisos, com uma modesta decoração da parte exterior, esconde um verdadeiro tesouro. O interior é ricamente elaborado num estilo Barroco e constituído maioritariamente por talha dourada, muito similar ao utilizado nas igrejas da época. Estudos recentes indicam que a decoração fixa da casa corresponde à época da sua construção, entre 1893 e 1908, incluindo lambris de madeira entalhada, de fabrico moderno ou restaurada, tetos de caixotão, espelhos, mobiliário, papéis de parede, lustres e lanternas. O proprietário da casa era um conhecido colecionar e empresário da cidade do Porto.

É possível observar obras de grandes nomes, como obras de Rafael Bordalo e Pinheiro, Teixeira Lopes, José Malhoa e Silva Porto.

Uma das peças de maior destaque deste espólio é o “Escarrador com figura de Agiota” de Rafael Bordalo Pinheiro. Esta é uma peça em cerâmica em que está expressa a crítica social e política. O agiota é uma personagem-tipo da burguesia, sendo ganancioso, mesquinho e avarento. Encontra-se tradicionalmente representado com um rosto sardento e repulsivo, óculos verdes (representação da cegueira moral) e um sorriso dissimulado. É uma sátira direta à figura do capitalista que lucra com a miséria alheia, possivelmente com ligações aos banqueiros estrangeiros ou à elite financeira portuguesa da época.

Apesar de ser um objeto de uso quotidiano comum no final do século XIX, vale mais pela crítica do que pela sua utilidade. O facto de ter utilidade acabava ainda mais por reforçar a mensagem - o ato de cuspir no "agiota" simboliza o desprezo e rejeição moral estando portanto a função do objeto integrada ao seu significado político e ético.